quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Grandes cães

     


Ele é um cão. Um cão muito Balalo. E a Balalice é uma característica muito apreciada, não só em cães mas em pessoas também. Ele é um cão doido. Cada dia estou mais convencida de que ele é quase tão doido quanto Marley. A grande diferença é que enquanto  o cão doido de John e Jenn era um labradoodle enérgico e incansável, meu cão doido é um shapei com respiração de Darth Vader.  Também, com tanta bochecha, não tem como respirar direito. Basta uma voltinha no quarteirão para ele estar de língua de fora. Uma aventura mais ousada, como um passeio de vinte minutos, e ele  para para descansar no meio do caminho.  Não que  isso me incomode. Foi justamente esse pique de bicho preguiça que me fez preferir um sharpei  para ser meu companheiro nesse apartamento de 50 metros quadrados que eu ouso chamar de casa. Ele não late por nada. Não incomoda os vizinhos. Não gosta de ficar sozinho, mas também não se revolta. E está sempre roncando aos meus pés, ou me seguindo se eu me levanto por qualquer motivo. Por sorte ele não é tão doido a ponto de ter fobia de trovão. Adora chuva e fica se molhando todo enquanto a varandinha se alaga, encharcando todas as dobrinhas que em seguida estarão cheias de fungos, levando a gente de volta para o veterinário e gastando todo o dinheiro da mamãe, seu hobby predileto. De resto, meu cãozinho doido e o Marley doido são muito parecidos: bobos e infinitamente leais, que adoram estar ao lado dos pais onde quer que eles estejam. Adoram gente, pulam em todo mundo  como se todos fossem uma fonte de carinho em potencial. E sempre preferem sair desabaladamente atrás de qualquer coisa que chame a sua atenção, nem se importando  se estão se  enforcando na coleira. Comendo todas as coisas da casa. A sobremesa favorita do meu cão doido é controle remoto. Para variar, ele aceita livros caros da biblioteca, óculos, tesoura, relógio, carregador de celular, tampinhas, canetas, caixas de remédio, anéis, tubos de pomada, etc, etc, etc... Na falta de qualquer coisa mais interessante vai parede mesmo. Ou pedra. Ou jornal. Mas definitivamente os controles são o prato predileto. Rói rói até transformar tudo em minúsculos pedacinhos de plástico, engole tudo e depois passa o dia vomitando controle remoto. E vai a mamãe ligar pra net pela milésima vez na maior cara de pau pedindo um controle novo. Ehh cão doido! O cãozinho doido Tshabalala, o meu companheirinho canino que não me deixa ficar triste nunca!